RAZÕES DE ESPERANÇA

 “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” Lm 3:21

Jerusalém havia caído sob o poder da Babilônia. Jeremias viu com seus próprios olhos os horrores do cerco, a matança indiscriminada, e o seu povo sendo levado, escravo, para o exílio. As lágrimas do profeta se misturavam às memórias dos tempos prósperos de Sião. Agora, só restavam cinzas e escombros. Seu povo, antes feliz e bem sucedido, agora penava a vergonha da derrota e da escravidão. Mesmo, assim, o profeta disse: “Quero trazer a memória o que me pode dar esperança” (Lm 3:21). Ele encontrou, ainda que no meio da dor, razões de esperança.

Em primeiro lugar, ele confiava nas misericórdias do Senhor (3:22-23). Estas misericórdias foram as causas do povo não ter sido de todo destruído. Estas misericórdias são as causas de hoje estarmos vivos para viver mais um dia. Por elas, temos o alimento e as vestes. Temos a certeza do perdão de Deus, a despeito de nossos muitos pecados.

Em segundo lugar, ele sabia que Deus é fiel em suas promessas (3:23). O Deus de Israel, por diversas vezes, prometeu que restauraria o seu povo e lhe devolveria a glória, caso se arrependesse. São as promessas de Deus que nos dão razões de esperança. Ele prometeu estar sempre conosco. Ele prometeu nos guiar e nos guardar. Ele prometeu terminar sua obra em nós. Ele prometeu que, um dia, seremos semelhantes a Ele. Ainda que aos nossos olhos pareça tarde, até tarde demais, a fidelidade do Senhor dura de geração em geração. A seu tempo, o que Ele prometeu, há de cumprir.

Em terceiro lugar, ele compreendeu que a sua porção era o Senhor (3:24). Na verdade, ele poderia perder até a sua liberdade, mas não a sua comunhão com Deus. Uma das mais fortes razões de esperança é que Deus é a razão de nossa existência. Nada mais precioso podemos ter do que a comunhão com Deus. Quando percebemos isso, sabemos que “nada pode nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8:39).

Em quarto lugar, ele sabia que o Senhor é bom (3:25). Deus sempre quer o melhor para cada um dos seus filhos. Mesmo quando nos disciplina, nos disciplina porque nos ama com amor de Pai. A bondade do Senhor está presente mesmo nas tribulações, porque através dela aprendemos, crescemos, temos nossa fé provada e aprovada. Deus é bom porque, no final, “tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” ( Rm 8:28).

Por essas razões, vale a pena esperar por Ele. A noite muitas vezes parece longa, mas no momento certo, o sol vai raiar no horizonte. Tenha paciência. Espere pelo Senhor.

Também busque ao Senhor. “Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração”(Jr 29:13). Ele é bom para a alma que o busca. Não tente resolver os problemas com as suas próprias forças. Busque ao Senhor, e você descobrirá que “na fraqueza, somos fortes”, porque o Senhor é a nossa força.

Finalmente, esquadrinhe seus caminhos(3:40).  Muitas vezes somos nós mesmos que trazemos tribulações sobre nossas vidas. Oremos como o salmista: “Sonda-me, ó Deus e conhece o meu coração, vê se há em mim algum caminho mal e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139:23-24).  Se reconhecermos nossos erros diante de Deus, experimentaremos a promessa de que Deus “é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça”(1 Jo 1:9).

Talvez você esteja sendo levado a chorar como Jeremias, desolado diante dos muros caídos de Jerusalém. Lembre-se que, mesmo assim, há razões para esperança. 

Jorge Issao Noda