A Apologética Católica Romana Está Crescendo Online. Público-Alvo? Protestantes.
A Apologética Católica Romana Está Crescendo Online. Público-Alvo? Protestantes.
Nos últimos anos, diversos protestantes notáveis que se converteram ao catolicismo romano ganharam destaque na internet. Influenciadores como Cameron Bertuzzi, do Capturing Christianity, Candace Owens, Joshua Charles e Eva Vlaardingerbroek cruzaram o Tibre, vindo de diferentes expressões do protestantismo.
Pastores evangélicos proeminentes como Ulf Ekman, Keith Nester e Brook Thelander chamaram a atenção ao se converterem ao catolicismo romano. Histórias semelhantes estão espalhadas pelas redes sociais, pelo YouTube e por sites como The Coming Home Network.
Nas décadas anteriores, houve outras conversões conhecidas do protestantismo ao catolicismo, incluindo Francis Beckwith, Christian Smith e Thomas Howard.
O que leva esses pensadores cristãos a fazer essa transição? Muitas teorias poderiam ser exploradas, mas um fator relevante pode ser a surpreendente eficiência da apologética católica romana online, especialmente em plataformas como o YouTube. Quando alguém tem dúvidas sobre diferentes tradições cristãs, doutrinas ou sacramentos (por exemplo, a Eucaristia), uma busca no YouTube resulta em uma avalanche de vídeos católicos romanos, enquanto as perspectivas protestantes raramente são apresentadas de forma suficientemente clara e precisa.
Suspeito que existam pelo menos duas razões para isso.
Primeiro, os apologistas católicos estão muito mais focados no crescimento do catolicismo romano como instituição (ou seja, “a única igreja verdadeira”) do que apenas em ganhar almas para Cristo. Isso faz sentido, dado que, na visão tradicional católica, estar fora da Igreja significa estar fora de Cristo. O chamado para “voltar para casa” não é apenas um convite para encontrar redenção em Cristo, mas sim para ingressar na instituição da Igreja Católica.
Segundo, a apologética protestante tem se concentrado fortemente no combate ao ateísmo, ao pós-modernismo e à perda de valores morais na cultura secular contemporânea, sem dar atenção suficiente à preservação e ao ensino de nossas próprias distinções protestantes. Mas é justamente esse foco nos distintivos protestantes que ajudaria a esclarecer as diferenças fundamentais entre o protestantismo, o catolicismo romano e a ortodoxia oriental.
Protestantes São um Campo Missionário Prioritário para o Catolicismo
Enquanto a apologética protestante está mais voltada para alcançar o mundo secular para Cristo, a apologética católica romana frequentemente tem um público diferente em mente: seus “irmãos separados”. Alcançar protestantes é algo explicitamente incentivado. Um autor católico escreveu:
“Temos, desde o batismo, um mandato para evangelizar, e o protestantismo é um dos campos mais prontos para a colheita.”
William Lane Craig comentou recentemente sobre essa tendência:
“Muitos apologistas católicos parecem estar mais preocupados em converter protestantes ao catolicismo do que em levar não cristãos a Cristo. E isso me parece um foco equivocado.”
O apologista protestante Mike Winger (BibleThinker) fez uma observação semelhante:
“Acredito que apologistas católicos romanos estão apresentando conteúdos inconsistentes com o próprio catolicismo porque isso é útil para fazer protestantes se tornarem católicos. E isso me preocupa.”
O pastor protestante italiano Leonardo De Chirico aponta que, no passado, acreditava-se que os evangélicos estavam tentando converter católicos romanos. Agora, parece que Roma está devolvendo o favor com força total, usando o YouTube e a internet. De Chirico cita como exemplo o ministério Word on Fire, do bispo Robert Barron, que explodiu em popularidade com vídeos, livros e cursos projetados para atrair evangélicos desiludidos para o catolicismo.
Grande parte desse movimento decorre do Concílio Vaticano II, o polêmico concílio que muitos consideram uma estratégia da Igreja Católica para tentar atrair os protestantes de volta à “doce Roma”.
Por Que Isso Deve Importar para os Protestantes?
Os apologistas católicos romanos às vezes deturpam a doutrina católica real, suavizando a terminologia para parecer mais alinhada às visões protestantes sobre soteriologia e outras doutrinas. Ao utilizar uma linguagem semelhante e amenizar a severidade dos numerosos anátemas contra os protestantes, esses influenciadores acabam atraindo cristãos desiludidos ou insatisfeitos para uma tradição com uma história teológica preocupante.
Por trás da liturgia, da estética e da cerimônia reverente, há uma montanha de acréscimos doutrinários, dogmáticos e ritualísticos que amarram as consciências dos fiéis católicos romanos. Esses acréscimos, desconhecidos na igreja primitiva, incluem ensinamentos sobre o purgatório, os dogmas marianos, a transubstanciação na Eucaristia, a infalibilidade papal e o celibato sacerdotal. Algumas vezes, o conceito de “desenvolvimento doutrinário”, enfatizado pelo cardeal John Henry Newman, é usado para justificar essas adições aos credos da igreja primitiva.
A verdade é que ainda existem diferenças teológicas significativas entre protestantes e católicos romanos, sendo a mais crucial a própria natureza do evangelho.
Os protestantes defendem, com base na Escritura, que a salvação vem exclusivamente pela graça, por meio da fé, e que a justiça de Cristo é imputada ao crente. Essa declaração forense de justificação resulta em boas obras, mas não é conquistada por meio delas.
Por outro lado, a teologia católica romana ensina que a graça é infundida, capacitando o crente a viver uma vida justa, com a esperança de permanecer em estado de graça. Em vez de uma justificação forense, a soteriologia católica romana é baseada na participação contínua do crente na graça de Deus e no mérito das suas próprias boas obras e sacramentos (especialmente a penitência). Apesar das semelhanças na linguagem, os conceitos são profundamente distintos.
O evangelho é uma notícia incrivelmente boa, especialmente quando mantido em sua pureza, sem acréscimos doutrinários e exigências adicionais que sobrecarregam a consciência dos crentes. Meu coração se entristece ao ver que, na busca por uma tradição eclesiástica mais enraizada e reverente, muitos acabam se submetendo a doutrinas falíveis.
Resposta Protestante
Como os protestantes podem responder ao crescimento da apologética católica online? Aqui estão quatro sugestões:
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Redescubra as raízes reformadas – Muitos protestantes desconhecem a história e os motivos da Reforma. Estude os teólogos reformadores e pós-Reforma antes de explorar tradições não protestantes.
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Equipe os leigos – O protestantismo precisa fortalecer a educação doutrinária nas igrejas locais, incluindo o ensino da história da igreja e a recuperação dos credos e confissões.
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Seja enraizado na Escritura – A autoridade suprema das Escrituras é um pilar do protestantismo. Conhecer profundamente a Bíblia é essencial para identificar e refutar ensinamentos antibíblicos.
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Participe da reforma do protestantismo – Se você tem conhecimento bíblico e histórico, considere contribuir com respostas protestantes online, seja por meio de vídeos, textos ou grupos de estudo. Faça isso com caridade e amor, sem espírito de debate destrutivo.
Recursos Recomendados
Canais do YouTube:
- Truth Unites (Gavin Ortlund)
- Just & Sinner (Jordan B. Cooper)
- BibleThinker (Mike Winger)
- Wesley Huff
Livros:
- Em Busca de Raízes Antigas – Kenneth J. Stewart
- O Que Significa Ser Protestante – Gavin Ortlund
- A Reforma Como Renovação – Matthew Barrett
Sites:
- Canon Fodder (Michael J. Kruger)
- Truth Unites
- Credo Magazine
- Reformanda Initiative
Que os protestantes redescubram a riqueza de sua tradição e permaneçam firmes na fé fundamentada nas Escrituras.
- Gospel Coalition
https://www.thegospelcoalition.org/article/roman-catholic-apologetics-protestants/
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